As primeiras e últimas páginas do livro negro mostram-nos uma série fragmentos semi-opacos da imagem de um rosto. Reconhecemos o desenho de um rosto por decifrarmos as marcações e o lugar dos olhos, nariz e boca – mas não é uma fisionomia. É um rosto-palimpsesto: andrógino, sem epiderme nem órgão, sem ossos nem crânio; o desenho apenas indicia feições que se alteram na página seguinte. Cada um destes desenhos e a sua sequência pode ser a anotação de uma nuvem, torvelinho de água ou outro elemento vegetal ou orgânico que, por um segundo, adquiriu a configuração de um rosto. O miolo da estória é constituído por um conjunto de desenhos com cenas narrativas e páginas negras onde emerge um breve texto.
O Livro Negro encontra-se esgotado.
(Texto graciosamente cedido por Isabel Baraona a Tipo.pt)